Saturday, May 19, 2007

Regresso & Incitação

Regressamos. Eis uma notícia:
Um professor de Inglês, que trabalhava há quase 20 anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), foi suspenso de funções por ter feito um comentário – que a directora regional, Margarida Moreira, apelida de insulto – à licenciatura do primeiro-ministro, José Sócrates.

A directora regional não precisa as circunstâncias do comentário, dizendo apenas que se tratou de um "insulto feito no interior da DREN, durante o horário de trabalho". Perante aquilo que considera uma situação "extremamente grave e inaceitável", Margarida Moreira instaurou um processo disciplinar ao professor Fernando Charrua e decretou a sua suspensão. "Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas. O sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal", disse a directora regional, que evitou pormenores por o processo se encontrar em segredo disciplinar. Numa carta enviada a diversas escolas, Fernando Charrua agradece "a compreensão, simpatia e amizade" dos profissionais com quem lidou ao longo de 19 anos de serviço na DREN (interrompidos apenas por um mandato de deputado do PSD na Assembleia da República).

No texto, conta também o seu afastamento. "Transcreve-se um comentário jocoso feito por mim, dentro de um gabinete a um "colega" e retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente, pinta-se, maldosamente de insulto, leva-se à directora regional de Educação do Norte, bloqueia-se devidamente o computador pessoal do serviço e, em fogo vivo, e a seco, surge o resultado: "Suspendo-o preventivamente, instauro-lhe processo disciplinar, participo ao Ministério Público"", escreve.

A directora confirma o despacho, mas insiste no insulto. "Uma coisa é um comentário ou uma anedota outra coisa é um insulto", sustenta Margarida Moreira. Sobre a adequação da suspensão, a directora regional diz que se justificou por "poder haver perturbação do funcionamento do serviço". "Não tomei a decisão de ânimo leve, foi ponderada", sublinha. E garante: "O inquérito será justo, não aceitarei pressões de ninguém. Se o professor estiver inocente e tiver que ser ressarcido, será."

Neste momento, Fernando Charrua já não está suspenso. Depois da interposição de uma providência cautelar para anular a suspensão preventiva e antes da decisão do tribunal, o ministério decidiu pôr fim à sua requisição na DREN. Como o professor, que trabalhava actualmente nos recursos humanos, já não se encontrava na instituição, a suspensão foi interrompida. O professor voltou assim à Escola Secundária Carolina Michäelis, no Porto. O PÚBLICO tentou ontem contactá-lo, sem sucesso.

No entanto, na carta, o professor faz os seus comentários sobre a situação. "Se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia."

A notícia é do Público de hoje, da autoria da jornalista Mariana Oliveira. Considero-a apropriada para relançar o debate entre os dois hóspedes deste Novo Hotel Central, tendo em conta que aborda o tema que, na última conversa, levianamente (porque o tempo não deixava aprofundar mais), discutimos, a saber, a liberdade de expressão/imprensa, no âmbito concreto da "licenciatura" de Sócrates.
O caso só vem demonstrar - se ainda havia quem duvidasse - a estratégia "claustrofóbica" (para retomar essa adjectivação do deputado Paulo Rangel no 25 de Abril, nesse discurso apropriadamente saudado por vários comentadores), nos mais variados domínios, inclusivé no da liberdade de expressão, que o governo tem vindo a pôr em prática. À imagem de um líder forte e decidido junta-se a praxis, a realidade amarga de um Estado ipso facto forte, mas no sentido de robusto (que é como quem diz também gordo: essas são as duas coisas que o Estado é). O Estado, prepotentemente, tem vindo a fazer pressões sobre a comunicação social e, vê-se agora, sob os próprios indivíduos. O verdadeiro Sócrates morreu por falta de liberdade de expressão. "Há algo de podre no reino da Dinamarca": é ele chamar-se Portugal.

Monday, April 03, 2006

Os Dois Elefantes [Regresso]

Regresso - talvez (por certo!) atrasado, mas, ainda assim, regresso. Novo mês, nova vida - podia ser a proposição. No interregno em que este blogue descansou, muito sucedeu, mas, francamente, fora meia dúzia de circunstâncias, parece que tudo se aplacou na política, nomeadamente, na nacional. Só dois elefantes em lojas de porcelana continuam a fazer estragos por onde passam: Freitas do Amaral, esse mastodonte aberrante, e a Ministra da Educação, que calculo que seja a mulher mais genericamente odiada por esse país fora.
A situação dos emigrantes portugueses no Canadá foi só mais uma faceta do chico-espertismo nacional - e, agora, claro, pagam as consequências, porque o Canadá é um país civilizado. Freitas fala com o sue homólogo, continuando a creditar numa recuperação, mas engana-se: os canadianos têm toda a razão. A polémica em volta das embaixadas, envolta em muita trapalhada, ainda mais denigre a imagem do ministro. Pena ainda não ter havido uma remodelação governamental, que a sua cabeça tinha caído logo. Para onde se voltaria Freitas depois? Para o Bloco de Esquerda?
Sócrates anunciou agora, com a Ministra, que as aulas de substituição serão obrigatórias para o Secundário. Asneira: estas aulas funcionam terrivelmente. No dia em que o escrito no papel se fizer verdadeiro, talvez aí a minha posição se altere. Mas restaria ainda um problema por resolver: a permanência dos professores nas escolas - como se estes fossem espantalhos, que s eplantam algures no campo. Um professor tem vida própria e não é o mesmo trabalhar na escola e trabalhar em casa. Quando perceberão que a educação portuguese avançará tanto mais quanto menos tempo alunos e professores dispenderem na escola? Outra questão polémica levantada na semana passada foi a decisão de fechar, na Universidade, todos os cursos com menos de 20 alunos. Ainda que perceba o que se pretende com a medida, esta tinha de sre enunciada noutros termos. Imagine-se: para cada um destes cursos menos concorridos, haver uma universidade - ao menos uma - algures no país onde esse curso funcionasse. Não estou a sugerir uma universidade só para estes cursos, mas que, estes estivessem espalhados pelas vária suniversidades do país, estando porém apenas numa cada um deles. É que se não se fizer algho do género, conteceria que eu não teria curso para o próximo ano. Como é sabido, antes de seguir cinema, eu quero seguir clássicas. Na FLUC, no ano passado, para tal curso entraram duas alunas apenas. A UC é que já afirmou que, a sues próprios custos, não encerrará o curso, por o considerar vital para o funcionamento da Uni. Sócrates quer trazer a Ciência a Portugal e esquece-se das Letras e das Artes.
É isto que os nossos dois elefantes de estimação têm andado a fazer...

Valete, Fratres!

Sunday, January 29, 2006

Munique-Teerão

Aqui se segue pois uma versão mais organizada e moderada, mais sensata e profunda, da minha opinião sobre a crise iraniana. Trata-se da crónica a sair no Jornal da Mealhada desta quarta-feira, dia 1 de Fevereiro. Não se pretenda ler no meu gesto o plano de transformar este blog em mais um blog para expôr as minhas crónicas - longe disso: tenho um para tal efeito e é o suficiente. Se aqui exponho foi porque foi a necessidade de vir comentar o crise iraniana ao blog me suscitou a ideia de escrever a crónica, que, por maioria de razão - com mais tempo e mais trabalho - acabou por ficar bem melhor do que a minha intervenção original aqui. Para repôr o signo de qualidade do nosso blog, venho aqui coprrigir-me: e viva o Novo Hotel Central!

Amanhã estreia Munique, o novo filme de Spielberg, sobre a retaliação israelita após o sequestro, por palestinianos, da sua comitiva olímpica em Munique, em 1972. O espectro da vingança perpetuada por democracias ocidentais é tanto mais válido como tema de discussão se atentarmos nas recentes declarações de Chirac, defendendo o uso de armas nucleares para "a segurança dos nossos abastecimentos estratégicos" e como meio de dissuasão para “os dirigentes de Estados que utilizem meios terroristas, assim como aqueles que tencionem usar armas de destruição maciça”.

Se a proposta francesa força as fronteiras da razão, entrando no delírio, levanta, contudo, a mesma questão da fita de Spielberg: haverá um dever do bem de aniquilar, violentamente se preciso, o mal? Maniqueísta, a pergunta é dúbia, pois implica sempre uma definição de herói e de vilão. E se para o Ocidente o inimigo é o fanatismo muçulmano, para este, o Grande Satã é América e Israel. Elucidativas a este propósito são as afirmações de Ahmadinejad, presidente do Irão, que considera o estado judaico “tumor maligno a riscar do mapa”, congratula-se pelo coma de Sharon, apelida de “mito” o Holocausto e sugere a transferência de Israel para a Europa.

Estas opiniões ganham tanta mais relevância quando o programa de enriquecimento de urânio foi, aquando da eleição de Ahmadinejad, retomado. A actual crise iraniana começa a atingir cumes insuportáveis, com o claro desprezo do Irão pela Agência Internacional de Energia Atómica e a própria ONU. O acesso à energia nuclear por um tal fanático não é, por certo, com fins pacíficos, antes com o intuito de agressão ao Ocidente.

O Irão terá de/será atacado. Segundo país no «Eixo do Mal» de Bush, o ataque ao Irão é uma possibilidade remota neste momento, não obstante a necessidade que se lhe possa reconhecer. Só há três forças que poderiam comandar uma ofensiva e nenhuma agirá tão rapidamente. Israel encontra-se num clima de incerteza que não se dissolverá senão em finais de Março, quando for eleito um novo governo. Os EUA estão imobilizados: as suas tropas estão demasiado dispersas e as campanhas de recruta angariam cada vez menos jovens. Só com o abandono total do Afeganistão e do Iraque é que uma tal acção militar poderia começar a ser ponderada. Em termos de opinião pública, a América sofre do problema de Pedro e o Lobo: tendo mentido aquando do Iraque, agora, ainda que as razões sejam justas e acertadas, ninguém acreditará. A Europa, essa, nunca avançará sem os EUA, se bem que se coligará efectivamente – não como aquando do Iraque – com eles.

Porém, uma tal intervenção bélica poderia não redundar nos efeitos desejados. Os regimes islâmicos radicalizaram-se, tanto em Agosto com a eleição de Ahmadinejad, como na semana passada com a vitória expressiva do Hamas na Palestina. A violência no Iraque persiste – o plano para o Médio Oriente parece estar redundantemente a falhar. Um ataque-relâmpago, o suficiente para resolver a crise a curto prazo, obrigaria a um segundo ataque dos EUA, posteriormente, tal como aconteceu após a incompleta primeira guerra do Golfo. Porém, um mero ataque aéreo às fábricas atómicas poderia desencadear uma resposta violenta, como o confirmou um Guarda da Revolução: “Se formos alvo de um ataque militar, usaremos a nossa muito eficiente defesa de mísseis”. O Irão podia avançar com uma invasão do Iraque, gozando do apoio da maioria xiita iraquiana – ou, pior, atirar-se a Israel. Eis a nova Guerra Fria: passada nos desertos, quente como eles.

Valete, Fratres!

Friday, January 27, 2006

Iran... You're Next!

Não podia mais adiar um comentário sobre a crise iraniana, que, inderectamente se agrava, com a crise palestiniana, agora que o Hamas venceu por maioria absoluta ontem as legislativas. Na realidade, o Médio Oriente, de novo - não deverá dizer-se: sempre? - requere a nossa atenção, comunidade ocidental.
Quando isto aqui escrevo, ainda não li o dossier de artigos que tenho vindo a cumular sobre Teerão, desde as célebres declarações do seu presidente de que Israel devia ser banida do mapa, até ao seu cepticismo relativamente à ocorrência da Shoah, passando pela proposta absurda de uma Israel na Europa. Por isso, o artigo que aqui escrevo é mero aquecimento para um mais detalhado que, inclusivé como crónica, pretendo publicar depois. Não obstante, as ideias base podem já ser expostas com suficiente clareza.
O poder no Médio Oriente encontra-se mais equlibrado, queremos acreditar. O Afeganistão e o Iraque encontram-se, ainda que periclitantemente, nas mãos dos EUA. Porém, Teerão reforçou o seu radicalismo, a Palestina, desde ontem, também, e Israel encontra-se acamada na pessoa de Sharon.
A minha tese é que o Irão deve ser atacado. Eu era o último a considerar-me o primeiro. Nunca imaginei, nos meus piores pesadelos, que seria o primeiro a defender uma invasão do Irão. De facto, com essa terminologia, sou contra: não defendo a invasão, somente a liquidação das bases nucleares e duma série de outros pontos estratégicos iranianos. Uma cópia da Guerra dos Seis Dias: rápida e eficaz.
Porém, um tal ataque vai ser deveras problemático. Eis os problemas:
1. Os EUA não estão com capacidade de mobilização de tropas: todos os militares são poucos no Iraque (apesar da retirada já ter começado) e há uma determinante oposição sociológica a uma nova guerra. Aqui temos um exemplo prático do Pedro e do Lobo: tendo mentido aquando do Iraque, os EUA não podem esperar que as pessoas acreditem de novo neles, mesmo se, como Pedro à terceira vez, eles agora tenham razão.
2. O Irão faz fronteira com o Iraque. Um ataque ao Irão conduziria, por parte deste, a uma invasão do Iraque: e, aí, as coisas estariam longe da eficácia limpa aérea duma nova Guerra dos Seis Dias. Os inexistentes exércitos de Saddam Hussein aquando de Bagdag seriam então os bem palpáveis exércitos do maluco que governa em Teerão. E, mais uma vez, os americanos não se podem dar ao luxo de uma nova guerra.
3. A Palestina, agora radicalizada, sabendo que os EUA se recusam a negociar coim o seu governo (posição insensata!), não hesitarão em recrudescer a Intifada, num momento em que Israel está politicamente fraca.
Resumindo, um ataque ao Irão podia provocar uma feia situação bélica no Médio Oriente que não solucionaria, ainda assim, o seu problema base: a existência do Estado de Israel. Porém, parece-me inevitável que, a ao ser feito nada, algo acontecerá - e grave: o homem em Teerão é muito mais perigoso que Saaddam Hussein, um mero ditador local que tinha umas ideias expansionistas, mas estava longe de ser uma peça no xadrez complexo da guerra de civilizações e ideologias. O homem de Teerão é-o. E recusam ser vigiados pela ONU (não deixam que a sua questão vá ao Conselho de Segurança).
Há que os atacar - simplesmente, não agora. Eles não ficarão com uma bomba nuclear de um dia para o outro. Há que esperar, ter paciência, ver como se desenvolve o caso... E esse tempo será o suficiente para que a situação se altere para os americanos e israelitas e comunidade ocidental (nomeadamente com a saída de Chirac, esse palerma que me vem falar do uso de bombas nucleras contra os terroristas...).

Reservo-me ao direito de mudar de opinião após ler o dossier que tenho em espera e ante novos desenvolvimentos da situação - o que aqui escrevi foi e é um juízo provisório com base nos dados que disponho actualmente.

Valete, Fratres

Sunday, January 22, 2006

Comoedia Finita Est

E pronto. Estou neste momento a acompanhar os resultados reais, pelo site do STAPE, e tudo se parece confirmar: 50, 84% para Cavaco; 20,70% para Alegre; 14,09% para Soares; 8,69% para Jerónimo; 5,25% para Louçã e 0,43% para Garcia Pereira. Tudo bastante dentro dos limites do que eu calculara.
O que podemos aprender daqui? Nada de novo que já não se tivesse dito: o messianismo cavaquista triunfou (pelo menos, pela leitura periclitante - a ver em que ficamos - que se pode fazer agora), o alegrismo nacionalista e independente revelou na sua plenitude "o poder dos cidadãos" e Soares veio confirmar a crise do PS, que já era anunciada quando um partido não tem senão o seu fundador, que já detivera o cargo dois mandatos seguidos, para avançar para esta corrida. A divisão fica vincada com estes resultados: ficou claro de que as eleições internas do PS que elegeram Sócrates deixaram marcas e fissuras no tecido partidário. Muitos analistas quiseram ver naquela imagem de Soares a ajudar Sócrates em canadianas a descer do palco a metáfora de como Soares acabaria por ser a força mortiz por baixo da derrocada do actual primeiro-ministro. Não se compreende como é que Sócrates apostou num candidato assim, como se quase desejasse que Cavaco obtivesse o cargo - o que, a meu ver, só dever-lhe-ia ser indesejável. A prova de que o PS estava mais que ciente da sua missão fracassada foi quando a meio da campanha promoveu a desistência dos outros candidatos à esquerda - era sinal de que de facto, por si, Soares não triunfava.
Alegre, esse é perdedor e vencedor. De um lado, é incrível a forma como mostrou que os cidadãos, não apoiados por partidos, podem concorrer. Os partidos imiscuídos nas presidenciais sempre foi algo que me desagradou - na realidade, os partidos, na sua forma de ser actual, desagradam-me de qualquer maneira (não se leia aqui incentivos à criação de um partido único: isso seria, ainda assim, um partido, logo eu não o posso estar a defender. É uma questão mais complexa que me arrependo de ter invocado para aqui, já que desviará as atenções da questão central: presidenciais). Alegre, porém, perdeu porque não foi a uma segunda volta e porque doravante nem todos o olharão com respeito dentro do PS - dor de cotovelo é atroz. Nalguns lados, na Beira, que eu conheço bem, chamam-lhe "amor de sogra". O PS é forçado a admitir - e, com ele, tu, que não inteligivelmente recusaste esse argumento que é meramente lógico, independente de qualquer vontade, objectivo ao extremo - que Alegre era o candidato mais bem colocado para congregar em seu torno os socialistas e esquerda em geral. Tudo começou mal para Sócrates desde que ele "traiu" Alegre - permiti-me a expressão. E deste ponto de vista, Alegre é capaz de ser um vencedor ainda maior que Cavaco.
Na realidade, o garnde derrotado é o PS e a figura que o encarna: Soares. Na primeira ou segunda reacção da sede soarista que as televisões transmitiram, um socialista apoiante de Soares começava já a lançar as suas farpas contra Sócrates, acusando-o de todo o mal. Começa assim a traçar-se o caminho para o golpe: Sócrates perderá as próximas eleições legislativas. Muitos temem até que ele caia ainda antes de chegarmos a esse termo. Improvável, mas não descarto de todo a hipótese - e não, não é porque Cavaco chegou agora a Presidente, mas sim porque Sócrates é mais prudente que Santana e só muito azar congregado poderia levar a gigantescas mobilizações contra o governo. Mas estamos a ler tudo já demasiado na esfera do poder executivo.

Feita uma primeira análise dos resultados, que poderei vir a rever e ampliar noutro post, segue-se agora a resposta aos teus argumentos:
1. Como vês, as sondagens eram mais do que verídicas e não adulteradas - se tivesses por um momento pensado racionalmente, ter-te-ias apercebido de que uma teoria da conspiração contra Soares era algo inconcebível. Se alguma sondagem errou, parece-me claro que foi as que tu invocaste.
2. "E não só! A candidatura de Manuel Alegre, posso estar muito enganado (ou então, não) mas não foi mais do que uma manobra de vingança contra Sócrates."
Não concordo nem desminto. É-o e não o é ao mesmo tempo. Quando Alegre o propôs pela primeira vez, não era, de modo algum, vingança. Sócrates estava no poder, ele poderia almejar poder também, mas noutro cargo, Presidente da República, mas longe de ter intentos de demitir Sócrates. Porém, quando Sócrates o rejeitou depois de o ter apoiado e se virou para Soares, aí, na persistência da sua candidatura, vejo já um certo toque de vingança - que, os resultado o confirmam, era uma vingança justa: Alegre tinha razão quando se afirmava o melhor para congregar o povo de esquerda: os números não me permitem mentir. Porém, considerar a sua candidatura exclusivamente vingança parece-me uma deturpação da realidade.
3. "Tens que admitir que Alegre se ia sentir nas suas sete quintas, tendo o poder para demitir Sócrates, ao primeiro erro que este fizesse."
Ora aqui é que tu denunciaste tudo. Porquê ser contra Cavaco, porquê contra Alegre, contra os outros candidatos? Porque só Soares dava a garantia absoluta de que não iria demitir o governo que o apoiou. E isso foi triste na campanha, porque se percebia que havia uma relação óbvia e promíscua entre Governo e candidato Soares, em que um protegia o outro. Foi uma candidatura, em parte - não na totalidade, obviamente - defensiva, isso prejudicou-a.

Assim sendo, espero agora as tuas reacções aos resultados, lamentando ter de ter um hóspede tão cabisbaixo... Nesse aspecto, o voto em branco é saudável: sabes a priori que não ganharás - não acalentas esperanças vãs... Já agora, o voto em branco, neste momento, pelo STAPE, já chegou aos 1,05% e o nulo aos 0,79%. Boas notícias para os meus.

Thursday, January 19, 2006

Os Meus Riscos

"Não me venhas tu com essa história das sondagens porque, se elas deram QUASE todas a vitória ao sr. Silva pelos mesmos valores, é normal que essas tenham sido todas adulteradas."

1. Gostaria de saber que sondagens não deram a vitória a Cavaco. Obviamento admito a possibilidade da existência de algumas (não leio todos os jornais) mas se pudesses indicar nomes em concreto, agradeceria.
2. O RISCO:
Em vez de argumentar para provar a opinião, aguardo os factos. Assim, para comprovar o que digo, espararei - e convido-te a esperar - pelos resultados de Domingo. Nesse dia confirmarei o que tenho vindo a afirmar e assumo o risco de isso não acontecer. Dever-se-á, porém, para tal efeito, considerar as sondagens mais recentes.

"Aqui vês como só interessa à Esquerda derrotar Cavaco. E Alegre foi dividir os votos, afastando eleitores de Soares, que era a maior esperança da Esquerda, contra Cavaco."

3. O RISCO 2:
Em vez de argumentar para provar a opinião, aguardo os factos. Assim, para comprovar o que digo, esperarei - e convido-te a esperar - pelso resultados de Domingo. Nesse dia confirmarei o que tenho vindo a afirmar e assumo o risco de isso não acontecer. Parece-me lógico que, dependendo de qual das candidatos de esquerda fique em primeiro lugar, esse era o que melhores condições reunia para agrupar o dito eleitorado de esquerda.

Valete, Fratres

Monday, January 16, 2006

A Maria Merece!

Este é um mail que me chegou hoje e denuncia uma situação perfeitamente verginhosa, típica dos nosso governos (PS/PSD) e que o governo PS, mais uma vez, repete. E depois, façam-me acreditar que não são todos iguais...

"É este o país e o governo que temos:
De acordo com O Correio da Manhã, Maria Monteiro, filha do antigo ministro António Monteiro e que actualmente ocupa o cargo de adjunta do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vai para a embaixada portuguesa em Londres.
Para que a mudança fosse possível, José Sócrates e o ministro das Finanças descongelaram a título excepcional uma contratação de pessoal especializado.
Contactado pelo jornal, o porta-voz Carneiro Jacinto explicou que a contratação de Maria Monteiro já tinha sido decidida antes do anúncio da redução para metade dos conselheiros e adidos das embaixadas.
As medidas de contenção avançadas pelo actual governo, nomeadamente o congelamento das progressões na função pública, começam a dar frutos.
Os sacrifícios pedidos aos portugueses permitem assegurar a carreira desta jovem de 28 anos que, apesar da idade, já conseguiu, por mérito próprio e com uma carreira construída a pulso, atingir um nível de rendimento mensal superior a 9000 euros.
É desta forma que se cala a boca a muita gente que não acredita nas potencialidades do nosso país, os zangados da vida que só sabem criticar a juventude, ponham os olhos nesta miúda.
A título de curiosidade, o salário mensal da nossa nova adida de imprensa da embaixada de Londres daria para pagar as progressões de 193 técnicos superiores de 2ª classe, de 290 Técnicos de 2ª classe ou de 290 Assistentes Administrativos.
O mesmo salário daria para pagar os salários de, respectivamente, 7, 10 e 14 jovens como a Maria, das categorias acima mencionadas, que poderiam muito bem despedir-se, por força de imperativos orçamentais.
Estes jovens sem berço, que ao contrário da Maria tiveram que submeter-se a concurso, também ao contrário da Maria já estão habituados a ganhar pouco e devem habituar-se a ser competitivos.

A nossa Maria merece.

Também a título de exemplo, seriam necessários os descontos de IRS de 92 portugueses com um salário de 500 Euros a descontar à taxa de 20%.

Novamente, a nossa Maria merece."

Valete, Fratres